Pela Democracia e a Verdade


Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade. Repetindo como mantra essa máxima nazista, a UJS, juventude do PCdoB, vem tentando protagonizar uma sórdida campanha contra a União da Juventude Rebelião (UJR) e a União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco, a UESPE.
É público em todo o movimento estudantil brasileiro a liderança e a capacidade de mobilização da UESPE, e muito nos orgulha o fato de, enquanto organização política da juventude, cerrar fileiras juntamente com essa respeitada entidade. Vários companheiros da UJR já passaram em outras gestões e se fazem presente na atual diretoria da entidade, contribuindo com a luta dos estudantes pernambucanos.
Há cerca de um ano, a UESPE realizou seu 11° Congresso, e a sua presidente eleita, poucas semanas depois apresentou carta de renúncia, em caráter irrevogável, em função de decidir cursar o ensino superior. A partir daí, o estudante Davi Lira, então vice-presidente, assumiu a presidência da entidade e o tem feito em todos os espaços nacionais do movimento estudantil, bem como junto a sociedade pernambucana.
No final desse mês de setembro, no entanto, a ex-presidente da UESPE tem lançado uma campanha alegando ser “perseguida” e “ameaçada de morte” pelos militantes da União da Juventude Rebelião e do PCR. Trata-se de uma grande mentira, e não há como manter o discurso construído a partir da direção do PCdoB, provavelmente a partir de um de seus gabinetes, com uma rápida análise sobre os fatos.
O suposto caso de homofobia
Há um grande esforço por parte da UJS e da ex-presidente para apresentar essa situação como um caso de homofobia. Mas era de conhecimento de nossa organização o fato da ex-presidente ter uma relação homoafetiva, já na época em que era presidente da UESPE, e isso nunca representou nenhum obstáculo para a sua participação política em nossa organização, nem tampouco mudar a opinião da direção da UJR em apresentar o seu nome como candidata a reeleição no 11° Congresso da UESPE realizado em setembro de 2012.
Mesmo fazendo parte de instâncias da direção da UJR, a ex-presidente ao longo de toda sua militância nunca apresentou nenhuma crítica a suposta homofobia, e em sua carta-renúncia, não há qualquer menção a esse fato.
Depois de praticamente um ano, a suposta homofobia passou a ser o discurso oficial adotado pela ex-presidente como tentativa de justificar seu abandono da presidência da UESPE. Coincidentemente essa alegação ocorre exatamente após seu ingresso na UJS, em mais uma tentativa dessa força política em desqualificar a liderança e a força da UESPE.
O que está por tras de tudo isso?
Mas por que essas “denúncias” acontecem exatamente nesse momento? Não à toa, estamos às vésperas da realização do Congresso da UBES, União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, e a UESPE, que é a principal entidade estadual secundarista do país, se coloca abertamente contra a política de conciliação e acordos que a UJS pratica na entidade.
À frente da UBES, sem debater em nenhum fórum ou instância da entidade, a UJS protagonizou diversos casos de traição à luta dos estudantes, bastanto lembrar a celebração dos “convênios” do SalvadorCard na Bahia, na prefeitura de Natal com a corrupta Micarla (PV), do abandono da histórica defesa do petróleo brasileiro, não se fazendo presente na luta contra os leilões do petróleo por conta dos interesses e negócios celebrados pelo PCdoB, na defesa da restrição à meia-entrada e ainda do trato com as finanças da entidade, que são escondidas até mesmo dos seus diretores, como nos gastos do último congresso onde arrecadou mais de R$ 1 milhão do então prefeito Kassab (PSD), sem que tenham sido mostrados até hoje os seus gastos.
A UESPE conjuntamente com uma série de outras entidades estudantis vem questionando essa política e construíndo a oposição na UBES, e a UJS busca a todo momento tirar o foco dessa questão, tentando esconder a verdadeira razão das críticas que a base do movimento estudantil tem feito contra os rumos tomados pela UBES.
A democracia da UJS na UBES e UNE
Esse “factóide” criado pela UJS serve ainda para demonstrar a verdadeira democracia praticada por eles a frente da UNE e da UBES. Numa atitude unilateral, sem que fosse debatido ou consultados os diretores da entidade, a UJS lançou um panfleto em nome da UNE e UBES, e publicou no site da UBES uma nota contra “a violência e a homofobia”.
Chega a ponto de defender que a ex-presidente seria a atual presidente, desprezando sua própria renúncia e os espaços legítimos do movimento estudantil. Vejamos a que ponto chega o oportunismo político desse grupo: em janeiro desse ano, a UBES realizou o seu 2° Encontro de Grêmios e a UESPE foi convocada a fazer parte da sua mesa de abertura. Em jullho, durante o ENET da UBES, mais uma vez a UESPE se fez presente na mesa de abertura do encontro, e em setembro último, durante o Conselho Nacional de Entidades Gerais (CONEG), a UESPE credenciou seu delegado e representante. Em todos esses espaços, oficiais da UBES, o representante da entidade, como não poderia ser diferente, foi seu presidente Davi Lira. Repentinamente, unicamente por passar a ser filiada da UJS, a ex-presidente renunciante ao cargo passou a ser tratada pela UBES (ou melhor, pela UJS) como a presidente da UESPE.
Tentam falar de violência contra a ex-presidente, mas no mesmo estado de Pernambuco, em junho desse ano, durante a realização do Congresso da União dos Estudantes de Pernambuco, diante da derrota que sofreu na eleição dos delegados, a UJS protagonizou antes do início da plenária final mais uma tentativa de agressão, dessa vez aos militantes da UJR, CNB, Levante, EPS, AE e Mudança. Na plenária final do CONEG da UBES, novas tentativas de agressão e a injustificável presença de seguranças com arma de choque entre os estudantes, mostrando que o discurso contra a violência da UJS não se sustenta pelas práticas desse grupo no movimento estudantil.
Lamentamos que esse tipo de postura exista dentro do movimento estudantil, mas estamos falando de uma questão recorrente que ao longo dos anos tem engessado e imobilizado as principais entidades estudantis do país, afastando-as das lutas dos estudantes. Basta ver o papel reduzido que coube a UNE e a UBES nos últimos protestos de junho.
É preciso radicalizar a democracia no movimento estudantil, e não será através de factóides como esse que o movimento estudantil combativo se dobrará. Reiteramos nosso comprometimento na luta contra todos os tipos de opressão e o necessário combate a homofobia, mas não será utilizando-se de mentiras que alcançaremos esse objetivo.
Por democracia e luta no movimento estudantil!
Coordenação Nacional da UJR

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