A cada dia, fica mais difícil se locomover nas grandes cidades do Brasil. Os aumentos constantes nas passagens de ônibus vêm encarecendo o custo de vida da população. Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) revela que cresce a cada dia o peso do transporte coletivo no orçamento da população. Em 2000, o cidadão gastava, em média, 18,7% do seu orçamento com transporte e 21,1% para comer. Em 2010, o gasto com transporte foi aproximadamente igual à despesa com comida: 20,1%, a 20,2%.
Recentemente, várias cidades por todo o país aumentaram os valores das passagens de ônibus. Em Belo Horizonte e Poços de Caldas (MG) e em Pelotas (RS) os reajustes ocorreram ainda em dezembro de 2010. Já no primeiro dia de 2011, houve aumento em São Caetano e Diadema, na Grande São Paulo. No dia 02, as passagens aumentaram no Rio de Janeiro e em Salvador. No dia 03, foram reajustadas as tarifas em João Pessoa (PB), Santo André (SP) e Vitória (ES). Depois, ainda se seguiram aumentos em São Paulo, Guarulhos (SP), Joinville (SC), Recife, Campinas (SP), Campina Grande (PB), Natal, Aracaju e Curitiba.
O aumento das tarifas, na maioria dos casos, foi acima da taxa de inflação, bem como do salário mínimo. Além disso, é grande a insatisfação da população com a qualidade do transporte: "Espero horas nas paradas. Os ônibus vêm lotados e em péssimas condições", diz a estudante de enfermagem da UFPE Marília Novaes.
Movimento estudantil na luta contra os aumentos
Demonstrando a insatisfação da população, vários protestos sacudiram os principais centros urbanos do país com passeatas e trancaços reivindicando a redução das tarifas, auditoria nas contas das empresas privadas e estatização do transporte público.
Como todos esses aumentos ocorrerem no período de férias dos estudantes, espera-se que em fevereiro mais protestos voltem a ocorrer. Em João Pessoa, Capital da Paraíba, o movimento tem realizado atos na frente da Prefeitura desde antes do Ano Novo e, no último dia 26 de janeiro, conseguiu arrancar do prefeito os compromissos de realizar uma auditoria nas contas das empresas de ônibus e de preparar um seminário para discussão de transporte público e mobilidade urbana. "É absurdo o reajuste que ocorreu nas passagens em João Pessoa. O direito ao transporte público para trabalhadores e estudantes está sendo desrespeitado à custa do enriquecimento de meia-dúzia de famílias que são donas das empresas de ônibus", declaro Aline Leite, presidente da Associação Paraibana dos Estudantes Secundaristas (Apes-PB).
Já em Recife, mesmo sem muitas possibilidades de mobilização por causa das férias, foi realizada uma manifestação de alerta, no dia 11, com o lema: "Se a passagem não baixar, o Recife vai parar!". Mais de 700 pessoas foram às ruas, atenderam ao chamado da União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (Uespe), conjuntamente com a União da Juventude Rebelião (UJR) e os Diretórios Centrais da UFPE, UFRPE e Unicap, e trancaram a principal via do Centro da cidade.
No dia 28, novo ato. Desta vez, os estudantes foram em direção à Secretaria de Cidades, responsável pelo aumento das passagens, onde estava marcada a audiência com o secretário Danilo Cabral. No entanto, o secretário liberou os funcionários mais cedo e não recebeu as entidades. "Em fevereiro, os estudantes voltarão às aulas e nós mesmos é que vamos dar uma aula de cidadania ocupando as ruas do Recife contra esse aumento abusivo de R$ 1,85 para R$ 2,00", declarou Stephanye Vilela, presidente da Uespe, a A Verdade.
Fonte: www.averdade.org.br
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